SENTINELA (Anhuma) - Poesia ecológica
" A mata possue uma sentinela, a anhuma, que se posta nas árvores mais altas da floresta e de lá entoa o seu canto triste sempre que um perigo se anuncia. Ao sinal da anhuma a bicharada se agita, voa para longe, enfia-se nas tocas, mergulha nas lagoas, se encarapita nos arbustos e bambuzais. De pouco adianta todavia o aviso da anhuma. O poder dos atacantes parece ser muito maior do que as defesas da natureza." ( Onde vivem nossos bichos-pg 20 )
Anhuma, Anhuma,
Coisa nenhuma
vale teu cantar.
Vais te cansar
tanto alertar:
"Perigo! Perigo!
Lá vem o inimigo."
O inimigo inclemente
carrega na mente
um grito sem voz:
"Queima que é mato!
Mata que é bicho!"
-O brado é feroz.
E a morte certeira
cavalga no dorso
da bala veloz.
Debalde cantar!...
Coisa nenhuma
podes fazer.
Nesta batalha, anhuma,
é só mesmo perder
Só perder...
Mas ao findar a peleja
o homem há de ver
que ao vencer, se derrotou.
( Novembro-2008 -Villa del sur -Indaiatuba- SP)