METAMORFOSE

Manhã que surge ensolarada,
Lá fora tudo canta,
Dentro de mim, uma alma angustiada,
Um cinza que sutilmente se levanta.

Uma nostalgia de nada ser,
Toma conta do meu coração,
Noite que insiste em permanecer,
Só eu percebo a escuridão.

Sinto-me barco que ninguém conduz,
Na direção de um indesejado porto,
Um Cireneu obrigado a carregar a cruz,
Um anjo desalado – torto.

Ah meu Deus! Eu queria tanto,
Transformar a angústia desse instante,
Num belo hino de acalanto,
Romper os muros; seguir adiante...

Venha sobre mim metamorfose,
Como um milagre do Senhor,
Que o contentamento em exagerada dose,
Possa encher o meu mundo de cor.