Mar

Pesadelos assombram-me

No meio da noite

Sufocados gritos que silencio

Chamo a vida, mas a morte me sonda

Não há como não ver

Ele está lá

Sim! A grande água que vejo da janela

-mar-

Mas não posso tocá-lo

Ao longe

Vejo a vida tingida de azul

Um véu negro se aproxima

E convida-me a um drink

O cálice mais amargo

que alguém pode provar

despedido enfim

da vida que outrora me sorriu

covardemente abandona-me

deixando-me coberto de tristeza

-despido-

Despeço-me da vida

Liberdade azul

Que deixo para trás

Sem pano de fundo

Sem cortina

Nesta peça

O teatro sou eu.

Lili Ribeiro