Cinza
E então, de novo
acordei cinza.
Alma rota
presa ao nada.
Vejo o universo
a mover-se lentamente
e minha vida
em stand-by.
Não me perguntes nada
nem queiras saber
se hoje sou sim ou não;
nem mesmo tente
segurar minha mão.
Não quero contato.
Estou longe,
talvez entre as estrelas.
Se te respondo,
minha voz atravessa séculos,
milênios,outras galáxias.
Chega a ti já antiga,
distorcida e desafinada
como a voz dos bêbados
infelizes.
Hoje estou assim:alma inerte,
sentimentos nulos,
presa em segredos,
olhos tristes e
boca amarga.
Hoje estou cinza,
em solidão e mistérios
cheia de ausências e silêncio
como os cemitérios.