Enígmas

Sou produto de extremos:

subo macio, terno e iluminado

como balão de papel

e desço sempre célere e terrível.

Sou kamikasi sobre florestas alheias!

Sou variante constante

de conflitos gerais e urbanos.

Se ébrio, me recomponho.

Se composto, me esfacelo

tão imprevisível e indecifrável

quanto dor de menino.

Emudeço e canto e salto e escôo,

indiferente ao dó, ao ré, ao mi, ou fá.

Falaz, faleço quando me despeço

e padeço ainda mais

quando estruturo coisas de amor.

Vez que sou morte e vida

simbióticas e sucumbidas

neste pétreo corpo diurno

cujas noites são pedras de silêncios.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 28/10/2008
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