Enígmas
Sou produto de extremos:
subo macio, terno e iluminado
como balão de papel
e desço sempre célere e terrível.
Sou kamikasi sobre florestas alheias!
Sou variante constante
de conflitos gerais e urbanos.
Se ébrio, me recomponho.
Se composto, me esfacelo
tão imprevisível e indecifrável
quanto dor de menino.
Emudeço e canto e salto e escôo,
indiferente ao dó, ao ré, ao mi, ou fá.
Falaz, faleço quando me despeço
e padeço ainda mais
quando estruturo coisas de amor.
Vez que sou morte e vida
simbióticas e sucumbidas
neste pétreo corpo diurno
cujas noites são pedras de silêncios.