A dor aflita
Trago em mim este canto duro
E deveras sinto-o duro e dorido,
Parido na dor da solidão.
Pedra calcada sobre o estômago
É este canto morno e aguado,
Sangrando notas de silêncio.
Cristo! Este cristal espatifado
Em que se tornou minha vida
É manhã sem sol,
Vento sem alívio,
sonho sem anelo.
Cristo! Passe adiante este meu legado,
Pois viver esta farsa de sorrisos
Me dói enormemente
E se o cinturão de miséria
Aperta-me o pescoço aflito,
Abra logo o cadafalso
Para que esta corda redentora
Interrompa de vez a prometida queda.