LAMENTO

Tudo que você me traz, eu guardo

Tudo que você me diz, eu lembro

Não me encontro assim tão desatento

Quanto julga o seu desinteresse

Se você me desse um só alento

Se ligasse para o que eu preciso

Se precisasse do que eu ofereço

Mesmo assim eu estaria aflito

Eu estou a mercê do monumento

Idolatro teu corpo, formosura

Tudo que eu espero em noite escura

É frescura, desejo e movimento

E fazer dum instante eternidade

E fazer da lembrança meu ungüento

Diante da saudade – sofrimento

O sabor da ausência eu não agüento

Boca amarga sem beijo: desalento

Vida jorrada á fora em desleixo

Há de vir um anjo um dia desses

Pra livrar minha alma do tormento

De viver este filme morno e lento

Um cadáver vivo, em lamento.

Ita poeta
Enviado por Ita poeta em 25/10/2008
Reeditado em 25/10/2008
Código do texto: T1246993
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