Penumbra
Um lírio na fronte, outro acima do crânio,
Jardim pálido de outono
Um vento que ruge inclemente nos olhos
D`aura mortis em sereno cadáver.
Beijando frieza catatônica além do limiar do campo sacro,
Um grito abafado na noite correu em meu coração piedoso,
Atrofia escancaradamente devorou os retalhos de segurança fingida,
Névoa de espectro evolando-se junto ao caixão da ninfa.
Um vazio eterno corrompeu o céu,
Deixando sobre nós apenas o sangue contaminado
Deuses desabaram falecidos em esperanças pútridas
Pulularam anjos amortalhados abraçando crianças nuas.
A lágrima correu dispersando-se
Trespassei um punhal na garganta inflamada,
O silêncio venerado cortou a frieza de escuridão e sombras,
Ainda percebo contornos de mausoléu em ruínas.
Gostaria de alguém para compartilhar o fim
Divido a tristeza Rainha de marfim e lástimas
Na masturbação portentosa de narscisista misantrópico,
O orgasmo é o desfalecimento fatídico do letargo partido.
Fecho-me em dor que abraça como túmulo,
O amor desvanescido ascendeu em espírito,
Atro pendor de Azrael que importa a paixão de um proscrito,
Decompondo-se diante de outrora tempo vago.
Mãos esqueléticas de um ombro ao outro suavemente,
Recrudescente lânguidez encerra então tétrico fadário,
Aurora enevoada cospe luz em minha face imóvel,
Morro como existi em desalento confortado,
Pela dama que repousa mutilada em moldura indesejada.