Decomposto
Apáticos olhos de corpos ebúrneos arrastando-se na escuridão,
Veja como afundam nas órbitas adoecidas brilhando em luz mortiça,
Amores perdidos na bruma de novembro
Sinos de claustro em confuso clamor espiritual.
Gostaria de partilhar a morte valente das noivas em trajes de luto,
Esmagadas sobre o reochedo pós funeral, o fim não salvará nenhum de nós proscritos,
Sou eu a lutar contra fantasmas de ebulição tristonha,
Carregando manto da desgraça ,clâmide alva,
Cabisbaixo e sereno como vento de temporal vindouro.
Não há em minha constituição coragem alguma e pouco me envergonho,
Poderia realizar-me isolado devorando a dor diariamente ?
Contemplando a solidão eremita
Condenado presbítero satânico em últimos dias.
A voz trovejante de um anjo soou junto aos meus ouvidos,
Retumbando em esqueléticos presságios,
Amor,como gostaria de teu abraço apenas e não posso,
Não posso prosseguir com esta representação de vida.
Que sejam cerradas as cortinas de tragédia medonha sem teu divinal carinho,
Veja como pendem meus lamentos em lágrimas e veias pálidas de fronte ossuda e saudade.