Banquete.

Sobrou a sombra num semblante frio,

Sobrou o mofo no cômodo vazio,

Sobrou o lodo no fundo do rio,

Sobrou do corpo um calafrio...

Sobrou o olhar morto e tristonho,

Sobrou um coração quebrado,

Sobrou o tum-tum-tum medonho...

Sobrou o peito dilacerado

Sobrou um pensamento vago

Sobrou o fardo no ombro largo,

Sobrou a névoa sobre o lago,

Sobrou esse poema, sem embargo...

Das sobras que fizeram este poema,

Recomponho, os cálculos do meu teorema.

Aguardando as sobras que caírem da sua mesa,

Pra com elas fazer o banquete da minha tristeza.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 19/10/2008
Reeditado em 27/03/2009
Código do texto: T1236619
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