Banquete.
Sobrou a sombra num semblante frio,
Sobrou o mofo no cômodo vazio,
Sobrou o lodo no fundo do rio,
Sobrou do corpo um calafrio...
Sobrou o olhar morto e tristonho,
Sobrou um coração quebrado,
Sobrou o tum-tum-tum medonho...
Sobrou o peito dilacerado
Sobrou um pensamento vago
Sobrou o fardo no ombro largo,
Sobrou a névoa sobre o lago,
Sobrou esse poema, sem embargo...
Das sobras que fizeram este poema,
Recomponho, os cálculos do meu teorema.
Aguardando as sobras que caírem da sua mesa,
Pra com elas fazer o banquete da minha tristeza.