O neurastênico

o neurastênico

Sou a eternidade consumida no próprio vazio

Cambaleante em aparência decadente,

Solitário múrmurio vago e lacrimejante de caminho escuro,

Tangível como o medo evocado pela possiblidade de enlouquecimento.

Sou o para sempre amortalhado que olha acima e abaixo no distante limiar de campos inférteis

Que jamais esquece,acumulando dores e desejos

Nascido já velho adoecido,aquele velho que viu o mundo corroer-se a sua volta,

Quando os braços não obedeciam e restou o desiludido fim,

A neurastenia furiosa de oníricas visões de batalha final sem direito a redenção.

Eu deito na lápide do filho que jamais terei,no amor em chamas que cauteriza nobres intentos,

Eu devoro os pecados dos santos tombados pelo esquecimento,

Persigo o sofrimento em passos arrastados que alcançam mais do que o profetizado,

Estendido cresço,descomunal titã esquelético de olhos fundos na face encovada,

Aprisionado por inexplicáveis ataques de trêmulos movimentos embaraçados.

Por vezes atinjo o total êxtase letárgico,

Mas persisto em sofrer,uma dor pungente que trai minha condição cadavérica,

Nas vozes sem forma, ecoando suaves na minha mente e apenas nela,

A incerteza do que é real além da tristeza costumeira.