CANTO DO CISNE
Como quem sangra...
Contorcem-se folhas
em desespero
de tarde de Outono
ferida de vento...
...E o Sol não desiste,
emplastra de cores
vinhas saqueadas,
empresta-lhe ouros,
tecidos a púrpura,
ocres, jades e retalhos
de manta puída.
Como quem morre...
Soltam-se folhas
em desamparo
de temporã velhice
fulminada a frio...
...E o vento insiste,
volteia-lhes cores
de brilhos efémeros,
rouba-lhes viços,
artérias, veias, seivas,
e rasga em retalhos
o xaile ulcerado.
Sem
norte
nem porte
as
folhas vadias
eternizam
cânticos
de cisne
inocente
e
abandonam dores
no ventre do húmus
em letargia
crente...
Como quem sangra...
Contorcem-se folhas
em desespero
de tarde de Outono
ferida de vento...
...E o Sol não desiste,
emplastra de cores
vinhas saqueadas,
empresta-lhe ouros,
tecidos a púrpura,
ocres, jades e retalhos
de manta puída.
Como quem morre...
Soltam-se folhas
em desamparo
de temporã velhice
fulminada a frio...
...E o vento insiste,
volteia-lhes cores
de brilhos efémeros,
rouba-lhes viços,
artérias, veias, seivas,
e rasga em retalhos
o xaile ulcerado.
Sem
norte
nem porte
as
folhas vadias
eternizam
cânticos
de cisne
inocente
e
abandonam dores
no ventre do húmus
em letargia
crente...