Ópio
Já injetei em minha veia
Segundos depois, sinto o efeito.
A irrisória aranha fabrica uma teia
Eu: imprestável, incorrigível, sem jeito...
Sinto agora que posso tudo
Febre de felicidade nesta alucinação.
Sinto-me corajoso, forte como um escudo.
Depois do efeito, virá minha amiga depressão.
Nesses momentos não sou ninguém
Se é que alguma vez fui alguém .
Meu corpo todo de frio se arrepia,
pudesse acreditar que amanhã fosse um novo dia.
As esperanças que tinham por mim foram sepultadas.
Eu não sabia que terminaria assim.
Ninguém conseguiu quebrar minha natureza petrificada,
vivo fugindo, fugindo, fugindo de mim.
O que existe por trás destes gestos finos, desta maquiagem?
Ser sociável, casado, respeitado pela sociedade;
Eles dizem que me entendem, mas sei que falam com falsidade,
o que eles nos ensinam é totalmente contrário ao que agem.
O que vejo sai distorcido,
vozes e cores me tocam e se turbam.
Em suas experiências, os humanos perturbam
os meus sentimentos apáticos e feridos.
Se eu desistir, chamam-me de fraco.
Se eu tentar, acho que não vou conseguir.
Não quero caminhos nem verdades pra seguir,
quero ser o mesmo nada que acha tudo um saco.
Meu amor, queime esta minha tristeza com o teu abraço
aniquile com os teus beijos este meu tão insuportável cansaço.