SILÊNCIO

Sem trem na estação,
Sem a superfície exata,
Do espelho,
Sem a doação de um mísero conselho,
Na noite calada,
Ela permanece acordada,
Os cotovelos sobre os joelhos,
As mãos na face abstrata,
O verbo partido,
Na imprevisão,
De um olhar indefinido,
Distante demais,
Das notas musicais.
Com o coração desnudo,
Lentamente a solidão,
Apossa de tudo.
Se pelo menos um poema,
Viesse no sopro do vento,
Num retilíneo movimento,
Invadisse o seu agora,
Pousasse na alma que chora,
E sussurrasse palavras amenas,
Ela amanheceria mais serena.