Águas Passadas
Quantas ruas eu já passei... Já vi tanta coisa...
Vejo que, quando chove, o céu parece estar triste...
E nas casas, o tom cinza encobre os telhados...
Fazendo-me olhar para cima, agora.
Ponho a minha mão sobre a minha cabeça...
O que encontro são lágrimas, lágrimas!
Tudo agora parece lágrima! E...
E nem pareço estar sofrendo...
A ilusão é magnífica. Posso escolher,
Dentre tantos e outros lugares, só um.
Posso estar no meio de um oceano, nadando.
E o que mais me odeia é o fato que na minha mente,
Agora, só me vêm água à cabeça...
Aqui em cima está mais seguro, pois lá embaixo,
Por incrível que pareça, está alagado...
Por minhas lágrimas...
Estou no telhado do mundo...
Caindo e lacrimejando as pessoas... Talvez não me entendam,
Pois sou o meu próprio criador. Eu me criei.
Acabarei criando uma incógnita.
A incógnita me consome, me faz afogar, descendo para o fundo do oceano...
Ninguém agora me vê... Pois sou microscópico... Antes, uma gota.
Agora, uma inútil bactéria.