UM OLHAR NO HORIZONTE

Alguém cabisbaixo que passa...
Com um (des)arranjo de flores,
O ancião no banco da praça,
Ruminando as suas dores.

A sombra da ave que voa...
A criança que pede um trocado,
O andarilho que para o nada entoa,
A canção do desprezado.

O cão no passeio à espera,
Das migalhas gentilmente lançadas,
Para ele, tanto faz se é primavera,
Se as cores estão realçadas.

O (in)comum das coisas – a poesia
Melancólica que paira no ar,
O recorte dos (des)amores – a filosofia;
Até quando a alma proletária irá suportar?

O coração que compassa esperançado,
Desejo de romper o medo que o envolveu,
O olhar no horizonte; ainda que nublado,
...Esse olhar é o meu.