um passo e um cara

da escada ele olha o mundo

refletido num canteiro e num pedaço de mato

tenta encontrar um pouco de paz naquele ar

acende um cigarro, alimenta o pulmão e a mente

e fica pairando na vida em busca de sentido para aquele amanhecer;

escorre um gole de conhaque na garganta

olha em torno da casa e busca abrigo.

compreensão, ou abrigo, ou amigo;

busca um consolo pra sua falta de vida

e não tem onde ancorar;

ele quer consideração mas não sabe de quê.

queria vida, mas nem sabe pra quê.

queria sonhar pra tentar, ao menos por um tempo,

andar e brindar com os normais;

depois ele iria voltar pra casa, encontrar o espelho

e tudo se perderia de novo

como se o sonho não tivesse existido,

como se a vida deixasse de ser vida

e tudo cai por terra, em migalhas e trapos e escombros;

e ele cai junto e se confunde a tudo.

por tempo, tudo está perdido;

e haja força pra reconstruir e voltar a destruir tudo de novo.