muita coisa

Muita coisa

a dizer

a sentir

a senilidade escorrendo pelo corpo

O suor azedando o dia

Lábios se recusam às falas

Palavras se negam aos sentidos

Braços de mais

Braços de shiva

Braços entremeados de dor e movimento

Silêncio de catedral

Pássaros cantam em coro a

Prece regurgitada da vida

Celebram a manhã

Num sobrevôo apartado

Do horizonte

Muita coisa

ementada por sínteses misteriosas

Olhos que imporiam segredos

Que pediriam para serem decifrados

Mas no entanto,

Tudo é aberto.

Portas abertas.

Pulsos abertos.

Janelas abertas.

Olhos abertos ao hermético mundo interior.

Catre aberto ao pássaro que não sabe voar.

Muita coisa

E quase nada

O absoluto e reto

Ao lado do restrito e pontual.

No silêncio do escrutínio

O sigilo implacável da consciência

Poderá a culpa superar o medo?

Poderá tanta coisa me desumanizar

Ao ponto

de eu ser então as palavras

E os sentidos se independerem e fazerem

outras vítimas...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/09/2008
Reeditado em 11/03/2009
Código do texto: T1188274
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