Fui outrora, sonho de poetas navegantes,
Errei em todos os trilhos qu' eu escolhi,
Ludibriada por meus próprios sonhos
Estes, teceram-me um futuro, que não ri!
Emprestei a voz, a outros amantes,
Chorei, as suas lágrimas abafadas,
Cobri-me d’ emoções tão dilacerantes,
Verti da minh’alma, paixões sufocadas!
Perdi-me, nas rotas que criei em mares
Já descobertos, por outras caravelas,
Ousei enamorar-me, d'outros olhares,
Concluindo a epopeia, com mazelas!
Eis-me agora barca solitária, já sem vela
Carcumida, sem remo, perdida de mastro,
Aguardando na calmaria, vaga altaneira,
generosa, que me leve consigo, de arrasto!
Se algum castigo mereço, por leviandade
Ou teimosia, venha castigo já! Sem demora!
Que quero afundar com pompa e dignidade
Mergulhando com Neptuno, em boa hora!