O Harpista
I
Soam notas de harpa no teatro fechado
Ainda ecoa nos ouvidos os infantes risos,
Pegue-me a mão e mostre-me o que há guardado
Por de trás de teus ainda sonoros sorrisos!
Não vê que te guardo no peito a promessa
De chamas intensas e músicas insensatas?
E incauto canto as notas que me imprensa
o seio sempre ardente e inconstante...
Mas agora na noite fria e andante
Apenas as ignóbeis cadeiras fazem platéia
Onde sentam-se os fantasmas da solidão
A apaludir todas as melodias que exponho...
E assim, como num breve e sutil sonho
Arde brasa triste e mingüada no coração
Eis que meu sofrimento faz sua estréia
Expondo suas cicatrizes aos pagantes.