SANGRIA

Dentre as formas mais letais, restos eu vejo,
luz estranha que se apaga e não retorna,
como a tinta descascada de azulejo
mostra ao fundo tela insípida e sem forma,

as tristezas que suporto e não confesso,
têm resíduos poderosos, resistentes,
pois no fundo de minh’alma, no recesso,
é impossível de se achar, mesmo com lentes,

um motivo singular que as justifique.
Se as mantenho ali contidas por um dique,

da precária segurança, eu sinto medo;

refreá-las, não parece que consigo...
Sempre há fendas mal vedadas, um perigo!
Então choro: 
 
 essa sangria eu me concedo. 
 

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