ruas poéticas

Por ruas poéticas

O contraste diário da dura realidade

O relógio reluzente dourado na vitrina

Bem ao lado do mísero mendigo

Maltrapilho e aleijado

a esmolar atenção e donativos

Por tuas poéticas

Minha depressão cinza

Se mostra aguerrida

pintada no cal diário das

relações humanas

Grita o gavião alucinado

atrás dos pombos

Que como pragas urbanas

empesteiam a cidade de

doença e caos...

Por ruas poéticas

as placas nos informam

Catatonia surreal:

Vende-se casa

Aluga-se vaga de garagem

Toma-se conta de crianças

A casa não quer ser vendida

A garagem permanece vaga e vazia

e, ama a sua solidão pavimentada

E, as crianças são tomadas

Pelas contas,

Pelas tabuadas,

Pela matemática perversa dos anos,

do tempo e

da história

Pelas poéticas ruas

A poluição é lirismo

O trânsito é metabolismo

E,eu um idiota a anotar

tudo mentalmente

nas retinas

enrugadas pelo sol.

È fim de inverno

Promessa de primavera

A flor é nossa trégua, enfim.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/09/2008
Código do texto: T1173992
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