PEDAÇOS

Olhos frígidos e indiferentes esmagam almas ardentes;

Que sangram por entre os dentes, vertendo lágrimas pelas entranhas;

Crises estranhas são essas que congelam o sentimento das gentes;

E o muda tão de repente, condenando ao pó suas venturas e façanhas!

Seu dorso é cruel como a invasão noturna que dissipa a tarde;

Toda temeridade faz jus ao que jamais pediu a face que sorriu;

Acham-se fogo e pavio, dilacerando uma paixão por toda eternidade;

É a insanidade, furtando do coração a felicidade e lhe doando a um destino vil!

Dores são inteiras, mas o triunfo do amor chega aos pedaços;

Quando agoniza nas lamas dos fracassos, relembra seus dias floridos;

Injustos invernos sofridos, açoitando o pranto com cansaços;

Olhos sob inchaços, por culpa de seus sonhos repartidos!

Queira-me bem meu quarto escuro, é tudo que quero;

Pois do sol mais nada espero, já que de costas me despreza;

E essa injúria que me lesa terá sua paga no futuro que nem espero;

Mas não me desespero, pois a solidão é o que mais me pesa!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 11/09/2008
Reeditado em 12/09/2008
Código do texto: T1172219
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