RENÚNCIA
Desde aquele primeiro olhar, eu fui coração descontrolado;
Fui teu castelo edificado, pavimento plano sob teus pés;
Teu bálsamo e aloés, teu melhor futuro e cura do passado;
Teu mundo encantado, fui o artista que esculpiu esse ser feliz que és!
Não obstante, verti lágrimas como preço cobrado por teu sorrir;
Teu ar eu produzi, dissipei as negras nuvens de teu susto;
Dei-me ao amor por menos que me custo, pra te sarar me feri;
Só te olhei quando me vi, nas praças de minha paixão erigi teu busto!
Rasguei meus pulsos pra hidratar a palidez de teus sonhos;
Dei asas a teus vaticínios tristonhos, fui a graça de teu palco;
Para alcançar teu amor agigantei meu salto, exorcizei teus demônios;
Tornei formosos teus dias medonhos, por teu juízo me fiz de incauto!
E o que me fez essa renúncia após seus longos anos de correntes?
Se tudo que sinto não sentes, se tudo que semeei me deu amargo pagamento?
Se uns nascem pra sorrir e outros pro sofrimento, sempre será deserto quem nunca foi torrente;
Espancado pela verdade que não mente e que não se reverterá por causa do lamento!