RENÚNCIA

Desde aquele primeiro olhar, eu fui coração descontrolado;

Fui teu castelo edificado, pavimento plano sob teus pés;

Teu bálsamo e aloés, teu melhor futuro e cura do passado;

Teu mundo encantado, fui o artista que esculpiu esse ser feliz que és!

Não obstante, verti lágrimas como preço cobrado por teu sorrir;

Teu ar eu produzi, dissipei as negras nuvens de teu susto;

Dei-me ao amor por menos que me custo, pra te sarar me feri;

Só te olhei quando me vi, nas praças de minha paixão erigi teu busto!

Rasguei meus pulsos pra hidratar a palidez de teus sonhos;

Dei asas a teus vaticínios tristonhos, fui a graça de teu palco;

Para alcançar teu amor agigantei meu salto, exorcizei teus demônios;

Tornei formosos teus dias medonhos, por teu juízo me fiz de incauto!

E o que me fez essa renúncia após seus longos anos de correntes?

Se tudo que sinto não sentes, se tudo que semeei me deu amargo pagamento?

Se uns nascem pra sorrir e outros pro sofrimento, sempre será deserto quem nunca foi torrente;

Espancado pela verdade que não mente e que não se reverterá por causa do lamento!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/09/2008
Código do texto: T1170733
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