"Austia"
Tornou-se "antimaternal",
idade fenomenal,
para escrever paranormal,
de forma excepcional,
talvez,
só por instinto,
especial.
Em época escolar,
afim de repuxar,
de padronizar,
de rotular,
sua solidão.
Solidão,
que leva nome bonito,
chamado sociabilização.
ou seria obsessão.
Quanta ironia!
Quanta vida fria!
Quanta "austia"!
Ou seria altruísmo?
Quem sabe altismo?
ou autismo?
Cismo,
que é algum ismo,
que saiu do abismo,
fez-se mágica,
e tornou-se gaiola.
Mas lá vai ele,
escola na hora,
sem pestanejar,
merenda com prenda,
festa junina
e muito arraiá...
E lá fica ele,
num canto, cantinho,
na mesa sem forrinho,
e lá está ele,
olhar vazio,
sem eternizar...
Com a não-ficção,
mas com a tecnologia,
da burrice na mão,
pois sempre lhe dão
o rascunho do rascunho,
da sua ilusão,
o papel
é de computador,
pautado, com linha,
mas sem compromisso,
com o papel ofício,
entregam-lhe
o retrocesso,
o resguardo,
do retardo,
oficializado
pela alienação,
a tal sociabilização,
da transgressão
da não-coletividade.
E lhe dão o direito
de ficar à margem
moral,
corporal,
mental,
espiritual,
de conviver
com outros
pequeninos seres,
que sabem cantar,
que sabem silabar,
que sabem bailar,
e sabem aceitar,
corpo torto, chupeta,
grito, giz de cera.
As estereotipias,
para eles,
maravilhas,
pois as mais velhas,
ensinaram a estes,
dar risadas
inusitadas
das caras dos palhaços.
Silvânia Mendonça Almeida Margarida - 16.04.2002