Rosas num pote amarelo

Se logo me for, não precisam chorar.

Deixem somente flores

Vermelhas!

Junto ao jazigo do menino.

As flores, que murcharão,

Também estarão mortas,

Plenas de silêncio

No cemitério maior:

O maior do mundo.

Não queimem velas,

Incensos, doces, coroas-plásticas...

Não. Nada. Limitem-se às rosas.

Tudo isso me parece eterno demais,

Incompatíveis com minha morte efemerazinha, pequena.

As rosas vermelhas ficarão magrelas, esquecidas,

Depois inexistentes. Como a mim, o que restará

De mim é o que não existe mais debaixo da terra.

E, se observarem atentamente,

À noite,

Em fins de um inverno rigorosíssimo,

Lascada de uma garoa penetrável,

Que acentua a campa serenamente,

Brotará um botão vermelho

Junto à cabeceira onde repousa,

Eternamente,

O menino sem flor nenhuma.

(Die)

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 08/09/2008
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