AGÔNICO
Eu tenho horas percorridas de viagens interiores;
De conflitos com meus horrores, de assédios dos meus mitos;
Onde escuto todos os meus gritos e avisto minhas dores;
São momentos salobros e incolores, palco de meus nervos aflitos!
Ali me vejo tal como nenhuma outra criatura me contempla;
E o pesadelo me inventa, justo quando eu tanto me apago;
Foge de mim todo colo e afago, minha alma se vê em batalha sangrenta;
Tortura cruel e lenta de um transe profundamente amargo!
Há coisas escondidas em meu ser que ninguém poderá compreender;
Eu tenho histórias a escrever nas trilhas nômades e incertas do vento;
Me sinto um acidente do tempo, um mar a nado pra se percorrer;
Sou a resposta sem por que, sou instante sem momento!
Até mesmo esse registro, se for poético não é elucidativo;
Trata-se somente de um sedativo, pra aliviar a minha agonia;
Pra essas horas de fuga da alegria, de açoites e de castigo;
Onde meu único paliativo é a certeza do sol de um novo dia!