Siameses
Siameses
Toda alegria que nasce
Carrega a irmã siamesa
A face mordaz da tristeza
Queria não ser afetado
Possuir a dureza do gelo
Que inveja a tua frieza
Queria ter esta clareza
Como a água que evapora
E, condensando, precipita
A certeza da tua volta
Da tua inquestionável beleza
E a paz de quem acredita
Queria, mas não consigo
Ficaste com toda a alegria
E toda a tristeza comigo
Quisera que infenso ao perigo
Soubesse que a dor sentirias
Pois dói-me insuportavelmente
A dor que não dói em ninguém
Nem mesmo naquele que a sente
Mas só a conhece quem tem
Quem só com a dor aprendera
Que a dor é herdeira do amor
E o amor, essa face de cera
Se desfaz em seu próprio calor
D.S.