TRISTEZAS SOMBRIAS
TRISTEZAS SOMBRIAS
Tristezas sombrias, inusitadas, bem vindas,
Alimentam os meus mais antigos anseios,
Nadam pelos meus interiores, buscam, rebuscam,
Como crianças na penumbrosa alvorada.
Marginais da Criação, elementos do funéreo,
Sua voraz evanescência me parece um mistério,
Remoto, oculto, presente, sincero,
São momentos em que o vácuo eu venero,
Sim, eu espero.
Da vida morosa, o fulgor resplandece
Abjetos soluços morrem, apagam,
Surtos estanques, momentos febris,
Júbilos intensos, ardilosos,
Como uma algoz meretriz.
Nos confins esquecidos, o negror rememora,
Efusivo, diabólico, entranhado no âmago,
As etéreas vísceras contorcem, conclamam,
O sagaz retorno do mestre das chamas.
Concupiscentes segredos, inspiração do degredo,
Afloram ímpios, consomem, enaltecem,
Satisfação passageira, violação derradeira,
Momentos ávidos, ávidos ensejos.
Jorros potentes laceram, maculam,
As almas pueris em sôfregos zumbis,
Ancestrais impulsos, desejo fatal,
Ressonância dos cheiros, mordaz animal.
Facetas de uma insânia
Brotam e confundem,
No precipício da vida, melancólica esperança,
Branco, escuro, céu, trevas,
Cânticos vitais, sinuosas andanças.
Vórtices de coloridos ímpetos
Sussurram e sugerem,
Confusos sentidos chocam, acordam
No ardor da noite, os olhos recebem
Lampejos de um dia esquecido.
Identidade fantasma, o sabor dos miasmas,
O fim é certo, não importam os meios.
Se sei quem sou, os mortos levantam
Para onde vou, os espíritos cantam.