Fúnebre
No aconchego do teu prazer
Repousei meu desejo de amar.
Mas o amor se alimenta da esperança do reencontro
Da cumplicidade, trocas, reciprocidade...
E nossa história é uma mensurável sensação do agora...
No instante que o sexo aflora
Rápido, fugaz...
Para logo ir embora.
Somos compatíveis como o imediato
Nossa realidade não perdura a um pensamento...
Amantes que somos, de momentos!
Quando me aconchego no teu prazer
Como da maça e me exilo da inocência
Nutrindo minha carência,
Perco-me da essência da decência.
E observo passiva
o galopar desenfreado de minha luxúria
Rasgando o véu da moralidade
Cavalgando o terreno da vulgaridade...
Choro na lápide de meus sonhas...
No meu âmago desprende-se um lamento
E cambaleante minha alma debate-se neste tormento
O desejo de me entregar aos teus carinhos
E a certeza que sou apenas mais um atalho em teu caminho.
Meu espírito oscila entre dois mundos
E a infelicidade é uma constante...
__A saudade me apertando o peito neste instante... __
Nossas realidades estão tão distantes!
Corações divergentes
Bifurcações nos sonhos da gente
Ínfima afinidade,
Apenas o sexo na verdade.
Passos tortuosos num deserto de sensações selvagens
Que teimam em seguir miragens
Visões minhas e tuas,
Tuas mãos deslizando por minha pele nua...
Somos viajantes solitários.
Solidária a ti na paixão
Desacompanhada na emoção
Torno-me solo fértil para desilusão
Sentimentos tão diversos teu silêncio me provoca
Meu ego qual cristal já trincado
Despenca em queda livre
Num vácuo... Vago pelo teu desejo
Fosso sem fundo
Luzes instáveis, tênues...
Turvam minha visão
E a expectativa do impacto
Renova meus medos...
Pássaro solitário
Ousei alçar voou em busca de um sonho
Minhas asas partidas me limitam
A céus fantasiosos
Que desfazem o encanto da liberdade
Quando abro meus olhos
E sinto o amparo da terra úmida e fria
Meu encontro com a morte...
Fim!