Escuro

Malditos desgraçados, meus tormentos não vos querem mais!

Essa pequena luz vermelha é tudo que me sobra do breu,

Mais uma vez esse quarto escuro...

Demônios infernais, parem de arranhar minhas costas, a carne viva dói, mastigam meu peito como se me odiassem...

Talvez essas paredes não tenham nada a dizer mas se a minha alma escrevesse um diário, cada linha iria chorar de desespero...

Esses fantasmas incansáveis, eu queimo os manuscritos na esperança de que se consumam com a fumaça, já cansei de xingar vocês, já conhecem mais meus ódios que meu próprio irmão, já não agüento ficar esmurrando a parede, pisando na brasa, tua lança em minha garganta, já gritei, já sangrei pelos olhos, já fingi agüentar mas não consigo mais implorar por favor, meu urro aflito era a bandeira de misericórdia, o feto de tua hipocrisia aborta sua decência, eu perco as noites de sono mas não perco minha honra... devoro dragões por revolta, brindo essas chagas com vinho, tracei meu caminho em linha reta, não parei pra velar os coelhos, atravesso o limbo e só enxergo no futuro a força para buscar minha princesa, tropeçando em cobras e falsidade, submerso nesse poço de inveja, vou te trazer em meus braços com o que me sobrar de carne, já me livrei de meus olhos, parei de falar no meio do caminho, cuspo água a cada soco pois já gastei todo sangue, minhas cicatrizes cicatrizaram, não tenho mais calcanhar, vocês queriam me machucar, agora eu canso vocês, queimaram as bruxas, vasculharam minhas fraquezas, foram caçar quem eu mais amava, agora vês teu castelo em ruínas com o peso do meu olhar, triturei tuas pilastras na base da cotovelada pra moer-te no soco, amaldiçoado seja cada um que levantou de forma negativa ao longo dessa jornada, vocês quiseram o mal, só ouço ranger de dentes, teus gritos de total desespero fora a melhor música que pude contemplar, eu busquei o Elíseos mas sucumbi no Hades, na pedra do herói do nada apenas um nome, nome este que cairá no esquecimento por correr na libertação das terras de um homem só...

Sangramos nas trincheiras, morremos pelos corredores, entregamos nossas almas pelo nosso ideal, mas se valeu a pena ou não, só vamos saber depois do túmulo.

lecter
Enviado por lecter em 27/08/2008
Reeditado em 28/08/2008
Código do texto: T1148822