Aço, fogo e falsidades.
Sinto-me só como um velho centenário
Caminhando invisível em uma rua vazia.
Sinto o tempo zombar de mim.
Eu sei o quanto profundo a tristeza pode ser
Como também quanta dor pode causar.
Vejo as horas morrerem
Vejo os apocalipses dos anos
Em um mundo forjado a aço, fogo e falsidades.
Não são todos que podem sorrir com sinceridade
E sei que não sou mais capaz se sorrir assim.
As cores de meus desejos tornaram-se carvão esfarelado
Sou um plágio do que um dia eu vim a ser.
Uma piada antiquada escrita em papiro desgastado e esquecido em uma gaveta de alguma instante, em algum lugar que não mais existe.
Passo os dias só
Torcendo que apodreçam mais depressa.
Torcendo que o tempo corra mais rápido e mais rápido que puder.
Que tudo decaia para o limiar...
Já me sinto lá mesmo.
Meu nome nem mesmo mais importa
É como se eu transitasse na borda de meu túmulo
Voltas e voltas sem nunca poder cessar.
O céu já não é o mesmo, nem o sol, nem as estrelas
Nem os filmes, nem os sabores.
Eu já não sou mais “eu”.
Acabou sem um final
E hoje...
É somente o fim que aguardo chegar.