SEM RUMO

SEM RUMO
Jorge Paulo

A escuridão escraviza meus momentos
As forças nobres esvaecem lentamente
Fecho minha alma aos puros sentimentos
Atrofiando-me num caminho inconseqüente

Sinto gritar dentro de mim um doce alerta
A luz que brota me livrando da tormenta
É a voz da razão que fala e me desperta
Um chamamento contra tudo que me tenta

Vou carregando essa cruz no meu calvário
Mais confiante no poder que tem a prece
Não é possível continuar nesse fadário
Vou despertar todo poder que adormece

As ilusões que se definham na memória
no meu crepúsculo são nuvens passageiras
É tão gostoso o sabor de uma vitória
Pois me enlevam em ações mais verdadeiras.

Há muito tempo que eu sinto ter um porto
Onde se ancora toda a minha imaginação
Mais eu sinto preso e quase vivo absorto
Sempre perdido, sem ter uma direção.

Nem percebi o passar de tantos anos
degraus que venho seguindo sem rumo
Colecionando assim meus desenganos
Como é difícil alinhar esse meu prumo

O véu da solidão quer morar comigo
Quantos projetos foram pura ilusão
Sinto a vida que se perde em seu sentido
Melancolia vir morar no coração