Últimas palavras
Queria escrever sobre coisas grandiosas
Palavras belas
Melodias honrosas
Queria declamar o amor por alguém
Contar uma lenda, descrever novos mundos.
Criar algo novo e intrigante
Mas nada me acontece
Nenhum borrão de tinta sai
Nenhuma idéia nova marca o papel
E a mesma coisa de sempre se repete
A mesma monotonia
A mesma insensatez sem sentido
A mesma desnecessidade de vida
Queria fingir ser alguém a mais
Queria poder demonstrar o que sinto
Para não deixar transparecer a dor que se alastra
Para enganar os dias ruins que se espalham
As horas malditas com as quais me condeno
Apenas me trazem de volta para o chão
Queria escrever apenas palavras
Algo bonito e intocável
Mas minhas palavras soam aleatórias
Resultadas de um coração descompassado
E meus desejos soam apenas como sonhos
Imagens belas que já nascem sob as chamas
Condenados na fogueira das mágoas
Queria apenas dizer que sou algo mais
Queria poder ter algo pra dizer
Além desse lamento ruim
Mas a vida apenas me mostra isso
Uma única opção de monólogo
Na qual eu apenas lamento
E permaneço sem respostas
Vou embora, já passou do meu tempo.
Deixo essas frases incompletas e sem valor
Diante da imensidão de coisas importantes da vida
Peço apenas desculpas
Pois falhei na vida e na morte
Pois criei ilusões sem futuro
E repeti o mesmo disco mil vezes
Até o fim
O meu fim
E agora tudo acaba
Sem adeus
Nem nada mais do que uma última frase sem rima