QUERO ME ODIAR
Quando eu era criança me apresentaram um mundo prematuro;
E eu era imaturo, mas mesmo assim não tive a chance de brincar;
Aprendi desde cedo o que é chorar, engoli calado meu medo de escuro;
Um coração puro, que a vida escolheu pra maltratar!
Era piada na escola, o feio achincalhado pelas meninas;
Andava só nas esquinas, falando a mim mesmo do sonho nutrido;
Entre livros entretido, troquei as festas pelas primeiras rimas;
Depositei em latrinas tudo que a minha geração teria escolhido!
Vi os maus triunfando e os idiotas sendo amados e amando;
Até meu próprio amor teve o seu quando, e que agora eu prefiro esquecer;
Eu queria crescer, mudar o mundo, por mim começando;
Mas segui apanhando, pagando migalhas de alegria com oceanos de sofrer!
Eu agora sou forte, mas o destino insiste em querer me humilhar;
Não consigo minha alma acalmar, nem deixar de ser a anedota desse circo;
Palhaço com status de mico, sombra pífia mais insignificante que há;
Por isso eu quero me odiar, para que haja alguma lógica nesse injusto conflito!