Minha esquina
Na esquina o mundo passa.
Não existe tempo,
Não existe lei,
Não existe amor...
Só existe a esquina
Deixei-me ir,
Lá esta
Mais um corpo sem alma
Quanto sangue corre por seu asfalto?
Quantos segredos guardam em seu seio
Deixe-me ir...
Onde o mundo não olha
Onde se encontra a felicidade enlatada
Deixe-me ir!
Passo por seus olhos a todo instante
Quantas algemas seus pulsos carrega
Quantas almas pairam em seu chão?
Quantos cartazes por voto?
Quantos jornais encobrem seus cadáveres?
E o samba em seu coração
Que os negros entoam
Fugindo sua cara cinzenta
Suas canelas finas
Seus olhos vermelhos...
Amenizando seu ódio!
(Não se assuste é só mais um canto mudo sem logica, rima, ou beleza)
Ah!
Que beleza
O luar em seu rosto
A mais bela das esquinas
As mais levianas e belas mulheres em suas costas
(poesia, maldosa, quem diria que em ti, rosas e sangue confundem os seus vermelhos)
deixe-me ir
Quem é o filho que em seu chão dorme?
Quem são as mulheres que transam em suas paredes?
Quem são os mal amados que se amam em seu chão?
Ah!
Chão de ouro preto,
Quem são os cães que te latem à noite?
(maldita, disse que és, mais tão encantadora...)
E lá está em seu chão, mais um filho que dorme com um tiro na nuca
Ah!
como é bela minha esquina!