Um pouco de paz.
Tenho cinco anos que me restam
“Talvez dois”, disse o doutor.
É estranho saber que você irá morrer
Quanto tempo lhe resta.
Apesar de saber que tudo que vive morre.
Ninguém é eterno.
Mas é estranho saber quando se tem um prazo em sua mente...
É injusto, assustador, revoltante...
E ao mesmo tempo há conforto nisso.
Não tenho mais que me preocupar com o meu futuro.
Com qualquer futuro.
Se viria a conhecer a mulher com quem me apaixonaria e seria correspondido...
Não há mais planos.
Não há mais filhos.
Só reside o tic-tac do relógio.
As madrugadas silenciosas, solitárias e frias.
Existe alívio.
Pois não importa mais a solidão que sempre esteve e permanece comigo.
Tudo ficou para trás.
As coisas boas... As ruins...
Nem mesmo Deus importa.
Ele que se dane... Não devo nada.
Não depois de tudo o que me fez.
Mas admito que as vezes dá medo.
E às vezes choro por tudo aquilo que nunca tive e que jamais terei.
Infelizmente não tive uma vida boa...
Sou humano, apenas um mero humano todo fragmentado e perdido.
Cinco anos...
Talvez dois.
Quem sabe agora pelo menos eu encontre um pouco de paz.