Canção de Desespero
Canção de Desespero
"'Ay, but to die, and go,' alas!
Where all have gone, and all must go!
To be the nothing that I was
Ere born to life and living woe!"*
(Euthanasia - Lord Byron)
Quantas palavras soam cheias de verdades!
Quantos versos são mortos pela garganta...
Quanto pranto se derrama por inocência;
A noite se vai moça e lutolenta,
Carrega entre tranças choros e lamenta
Tantas respostas plenas em incoerência;
É uma carne fraca e mente frágil
Isenta de desculpas meras e inúteis
Apenas sussurros que correm lábio ágil
E tentam atingir ouvidos já surdos em perdão.
A fera de casa é a que morde o mestre
É aquele que nunca soube ser fiel...
Entretanto teria mil suspiros de amor no seio
E uma eterna vida a dispor à morte.
E enquanto a noite envelhece
O ventre se contorce em dor e avoluma
Uma vez que do corpo se desfez o pudor
E caiu-se em libido rijo como pluma...
Entretanto dos medos se desfaz a fibra
E o peito se abre à cruéis flechadas...
Trazendo a tona tudo o que o pavor tentou esconder;
- Tudo se resume em vergonha e se acaba em solidão.
"Ah! morrer todavia e ir-se para sempre!*
Aonde todos já foram ou devem ir
Ser o nada que eu era, anteriormente
A nascer para a vida e para a dor curtir!"