OLHOS AQUOSOS
OLHOS AQUOSOS
Ao contemplar o pélago das janelas da alma de um lavrador sem lavra,
Vi fluir do âmago para a superfície ocular
Um hialino oceano de lágrimas tristes,
Impossíveis de se mensurar.
O pobre varão, como a maioria de seus amigos e parentes,
Não pode mais viver de fecundar a terra
Onde nasceu toda uma geração de cavaleiros
Defensores do segredo fomentador da ditosa semente das benfazejas eras.
Foram expulsos...
Foram sangrados...
Foram forçados a galgar até o cume mais alto da montanha da humilhação!
As víboras do garbo,
Com celuloses nobres de velhacaria sob o braço,
Despojaram aquela gente de sua vivenda de subsistir.
Agora, onde vivem e o que são estas pessoas?
Vivem nos nichos da opacidade das urbanas cidades
E são presas da glória inglória da sarjeta da cidadania em gradação virótica.
Ah, mas, ao contemplar o silente choro daquele varão,
Percebi que ele não chorava só.
Choravam com ele seus pais e seus avós:
Toda uma egrégia laia
De sábios magos da Terra e dvotados guardiães
Do tesouro mais fulgurante do sol que ilumina as amazônicas glebas.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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