Recado ao Papai Noel
Está chegando o Natal
Que não seja tão mal
Para os que ainda têm esperança.
Que você Papai Noel faça um visitinha,
Também nas casas pobrezinhas
E leve um presente à criança.
Ou será que fica zangado?
Com o sorriso encabulado
Das crianças sem beleza?
Sabe que estes sorrisos acanhados,
O motivo são os dentes careados
Que é a marca da pobreza.
Olha, as crianças pobres têm até medo,
De tocar nos brinquedos
Das crianças que brincam contentes.
Se para você as crianças são iguais,
Por que então nos Natais
As pobres não recebem presentes?
Será que os presente é só para os nobres?
Ou os barracos dos pobres
São difíceis de encontrar?
Se é difícil, eu te ensino o caminho,
Depois do asfalto ali no finzinho,
É naqueles barraquinhos que esperam você chegar.
Papai Noel só como sugestão:
Ao invés de levar ilusão,
Leve verdade à criança.
Ou você acha que não é certo,
Que o jogo aberto
Tira a ilusão da infância?
O que é certo? Crescer sem infância,
Ou a revolta da criança
Por não receber presentes?
Devia dizer que aqueles presentinhos
Que se põem no sapatinho
São dos pais ou de parentes.
Se dissesse a criança a verdade,
Elas aceitariam a realidade
Sem se julgar diferentes.
E os pais com seus achatados salários,
Fariam menos crediários
Na corrida dos presentes.
Sei que o comércio te impôs um difícil papel
Que nos presépios a figura central é você Papai Noel,
Também seu que é pesado a sua cruz
A propaganda te deu tanta fama
Que só falta te deitar na cama
No lugar do menino Jesus.
Parece até a repetição
Daquela perseguição
Que fizeram a Virgem Maria
Não deixe as crianças pobres marcadas,
Elas não têm culpa de terem sido geradas
Em um pobre família.