O JARDINEIRO DE NAUFRÁGIOS

O JARDINEIRO DE NAUFRÁGIOS

Quereria poder dizer que sou imune

Ao vírus da angústia,

Mas não posso.

Quereria poder dizer que a imaterialidade dos sonhos

Não me lancina de forma dantesca,

Mas não posso.

Quereria poder dizer que sou insensível ao medo do fracasso

E do horizonte de vácuo

Que possa se estender ante mim,

Mas não posso.

Quereria poder não mais colher

Flores de dolência a cada desventura que sofro.

Quereria poder não mais exarar verbos que suscitem

O quase intragável oceano da ausência,

Mas, por favor, não posso, entenda!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA