Desabafar Poético - XX
Desabafar Poético - XX
"Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -"
(Augusto dos Anjos)
Enterra hoje em lágrimas o passado
E jamais ouse outra vez chorar
Neste pranto inaudito que cessa a noite
Em gotas vermelhas que se tornaram vapor.
Cala-te por um momento para que a cabeça
Esta maquina racional tome um instante de paz
E volte a caminhar na trilha de vozes
Que espremem vontades inconcebidas...
Apaga esta nódoa da alma manchada
E deleita-se no que te da amor...
Exprime da alma toda essa sentença
E afoga em tinta negra a desilusão
Cerra as mentiras entre os dentes semi-cerrados
Afirma tudo o que antes em ti era fulgor
Desanima-se em saber das desesperanças
Que a vida lhe pôs na alma em crenças tolas.
Todos sabem tua história...
Não se passa de um conto que ninguém cantou
Uma trova antiga que foi calada pela flauta
Em meio as teias escuras que lhe desencantou;
Agora todo peso te sepulta...
Mas tu já estás morta a tempos,
Desde aquele tempo de divindades ébrias
Que tu mesma resolveu hoje desenterrar...
Tristeza sobre tristeza é o que tu há de passar
Atravessando as correntes frias da loucura
Até as portas do templo da morte entrar...
Então, encerra teu pranto e desiste de amar.