Abro portas trancadas e beijo o vento
que me acaricia os cabelos revoltos,
então agarro-me desesperado ao seus
sussurros melodiosos e singro os mares
Vou em busca da alegria desmaiada,
do riso fácil, do alvorecer crivado
de balas perdidas nas ruas
e encontradas nos corpos de inocentes úteis
calados e indefesos diante das miras cegas
Que é do entardecer gerando pores-do-sol
salpicados de manchas por nuvens enciumadas?
Que é da vida pacata dos anjos voejando
por sobre nossas cabeças como aves do paraíso?
Há um oceano de lágrimas afogando meu coração,
percebo um pântano lodoso onde guincham bichos,
quero de volta, urgente, os sorrisos esquecidos,
desejo ardentemente uma explosão de gargalhadas!