Eutanásia
Eutanásia
O rosto esquelético sem feição
As pernas perdem movimentos
Conformismo que rasgou o vento
Não tem jeito só resta um cordão
Recuso-me a olhar no espelho
Tenho medo de perder a sombra
Passou o tempo de pensar em honra
Não me assusta a queda do cabelo
Os pelos que caem no lençol
Colam nas costas suadas
Cheira a comida mofada
Que há dias não ver o sol
Na veia me concentro e recebo
O que pode me durar as horas
Quem em minha volta choras?
As almas que sobraram em zelo?
Rezam, sussurram, lamentam
Em vez, ou outra, desfalecem
No chão que com a face descem
Os mais próximos da dor acalentam
O porque repetidamente surge
Desespero de quem não acredita
Do sofrimento da morte na partida
Credores que com óleo a testa unge
Resta aceitar e abaixar a cabeça
Banhos de lamúrias em resto de vida
Não falavam se quer em ferida
Mas, não escondem de mim a certeza
Descansar as pálpebras em cetim
Quem aos poucos desaparece sabe
Até onde o ponteiro do relógio bate
Em aparelhos que ao desligar, é o fim.
Igor Ribeiro