Eutanásia

Eutanásia

O rosto esquelético sem feição

As pernas perdem movimentos

Conformismo que rasgou o vento

Não tem jeito só resta um cordão

Recuso-me a olhar no espelho

Tenho medo de perder a sombra

Passou o tempo de pensar em honra

Não me assusta a queda do cabelo

Os pelos que caem no lençol

Colam nas costas suadas

Cheira a comida mofada

Que há dias não ver o sol

Na veia me concentro e recebo

O que pode me durar as horas

Quem em minha volta choras?

As almas que sobraram em zelo?

Rezam, sussurram, lamentam

Em vez, ou outra, desfalecem

No chão que com a face descem

Os mais próximos da dor acalentam

O porque repetidamente surge

Desespero de quem não acredita

Do sofrimento da morte na partida

Credores que com óleo a testa unge

Resta aceitar e abaixar a cabeça

Banhos de lamúrias em resto de vida

Não falavam se quer em ferida

Mas, não escondem de mim a certeza

Descansar as pálpebras em cetim

Quem aos poucos desaparece sabe

Até onde o ponteiro do relógio bate

Em aparelhos que ao desligar, é o fim.

Igor Ribeiro

Igor Cruz
Enviado por Igor Cruz em 11/07/2008
Código do texto: T1076243
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