Trevas do coma
Nunca amei pessoas, pois as pessoas poderiam morrer,
Se meus amores morressem, sentiria dor, nunca quis sentir dor, por que a dor é um sinal de fraqueza, jamais quis ser fraco e descobri que a força se extingui com os sentimentos, então tentei não sentir, deixar de apresentar reação mediante a toques e palavras, então consegui fisicamente tornar-me inabalável, psicologicamente direto, monstruosamente indolor e sem dó, a pena deixou de habitar em meus dias e o ódio das cenas cotidianas me fizeram parar de sentir.
Já não tinha mais coração, e violentamente bruto e agressivo, violento e desumano eu machucava, feria, eu não me importava com o final das vidas inúteis das pessoas falsas e medíocres que me rodeavam.
Eu usei as pessoas como objeto de meus estudos, pude manipular situações só pelo peso que a minha palavra exercia, me senti um mal diversas vezes, desconfiei ser o anticristo por várias situações...
Eu repeti erros alheios, errei em ser sincero de mais...
Eu parei de gostar, eu parei de amar, eu parei de sentir então percebi que estava respirando, porem, parando de viver.
Então vivi uma morte e plantaram medo no meu coração, nesse dia descobri ter sentimentos novamente e amoleci, então passei dias vivendo de novo, acreditando em alguma coisa, correndo atrás das pessoas, me entreguei, relacionei-me novamente, pensei finalmente ter descoberto o amor, então pouco a pouco meu mundo foi escurecendo, as paredes de estreitando e o céu caindo sobre mim novamente, fui aos poucos voltando pro lugar de onde eu sempre vim e fraco, agora com sentimentos e esperanças comecei a ser pisado, e foi machucando, foi doendo de novo, agora eu não era mais imune, agora tinha medos e minhas paixões podiam morrer..
Cuspiram na minha cara, não agüentei tanta dor, deitei na calçada com a cabeça sendo afogada pela correnteza da sarjeta, as pessoas que eu depositei as ultimas sementes de esperança chutaram meu corpo caído e simplesmente viraram as costas sem me explicar o que havia acontecido, me chutaram mesmo caído a calçada, morderam bruscamente meu peito, arrancaram com a unha cada um o pedaço de meu coração que mais lhe davam prazer em ferir e levaram consigo, não se sabe se parar jogar em um lugar distante ou se parar queimar, mas jamais de devolveram...
Fiquei anos em coma, alguns meses pensei sentir saudade, outros falta, outros ódio, outros tristeza, alguns meses pensei perdoar, em outros queria matar um a um, outros meses queria só conversar como se nada tivesse acontecido, no outro eu simplesmente cansado dormia, até que abri meus olhos e não vi ninguém, era só um leito frio e uma luz forte virada para o meu rosto, não tinha ninguém segurando a minha mão, não tinha ninguém na espectativa de que eu me recuperasse, ninguém se importava se aquele coração sentia algo ou somente pulsava,
Eu lembrei de como era forte quando não tinha sentimento algum além do ódio mas eu me odiei mais ainda por não conseguir me desprender de nada disso e tudo o que eu mais queria era não sentir a falta de algo de bom, mas a minha maior vontade era chorar o resto da vida pela tristeza que tinha em me sentir abandonado, eu estava sozinho, perdido, onde estavam as ex namoradas, aqueles caras que me chamavam de amigo? Eu tentei gritar até rasgar a garganta, até estourar uma corda vocal, eu quis sair correndo e pular de algum lugar alto pra pelo menos por alguns instantes sentir um pingo de liberdade.
Eu queria morrer todos os dias e tinha medo do lugar em que minha alma iria após isso.
Eu quis parar de sentir, quis ser forte, quis ser imune...
Mas na verdade tudo que eu queria era um dia ser amado, porem só vi o egoísmo e o interesse próprio, só vi carência se ocupar em meus dias e eu que nunca quis nada alem de conhece uma única pessoa sincera, me decepcionei com o mundo inteiro e só consegui dor...
Eu só queria amar de verdade, uma única vez, mas tudo que consegui foi dor e aflição, minha depressão se seqüência rindo diariamente, eu que tanto quis ser forte, jamais cheguei perto de um dia ter tido força alguma pra se quer não me importar com a dor, eu fui frio e inerte, eu que sempre quis algo sincero, jamais aprendi a chorar.