Teorias de viver (e se eu disser...)

E se eu dissesse que na verdade não é nada disso que parece,

Se eu dissesse que quase nunca estive confiante?

Se eu disser que todas as vezes que afirmei ter certeza na verdade eu só arrisquei, se te dissesse que toda aquela confiança em que ia dar certo não passava de um blefe assustado no qual eu torcia para que no final desse certo mas nem tinha certeza se eu mesmo acreditava ser possível, você iria me enxergar com os mesmos olhos?

Se eu disser que sempre que eu errei foi tentando desesperadamente acertar e que eu sempre perdi, cai varias vezes, errei e fui vítima de minha própria inocência a qual eu tento condenava nas pessoas, se dissesse que não entendia por que dizia ou fazia coisas, por que eu falava tanto ou por que eu deixava de dizer tanta coisa, se eu dissesse que de verdade eu nunca me entendi também, você iria disparar contra mim o mesmo olhar apaixonado?

Se hoje eu falar pra você que nunca entendi tanta dor, nunca descobri o real motivo dessa solidão, desse frio que abraça meu peito, se eu te disser que todas as teorias que dizia pra você ser motivos desse frio na verdade não passaram de tentativas improvisadas de encontrar uma resposta pra coisas que até hoje eu não entendo, se eu disser pra você que morria de medo de ser sempre assim e que na verdade, eu não chorava por medo de nunca mais conseguir parar, ainda estaria com os mesmos conceitos ao meu respeito?

Se eu dissesse que sempre que fui um herói na verdade eu estava desesperado atrás de socorro, precisando de ajuda e sendo o mais fraco do mundo por trás dessa máscara que inspirava confiança, a mesma que as pessoas respeitavam.. e agora?

Eu tentei motivar todo mundo, eu quis mostrar que tudo era possível, que bastava acreditar e se esforçar, que as pessoas valiam a pena e que Deus tinha razão em toda a perfeição mas eu mesmo nunca consegui acreditar de verdade em nada disso.

Se eu te contar que sempre fui um menino assustado morrendo de sofrer solidão, que me iludi com todo mundo, que me decepcionei e me feri mais do que consegui magoar as pessoas que gostei nessa vida... e se eu te contasse que eu nunca fui seguro e decidido, que todas as vezes que segui meus instintos apostando em meus investimentos e decisões, na verdade foram só as escolhas que fui obrigado a tomar a beira dos abismos...

Se eu te disser que nunca existiu uma noite que dormi sossegado e que jamais senti confiança de verdade em ninguém, acharia que eu contradigo tudo que eu sempre prego e que vivo uma vida de falsidades e aparências?

Se eu te falar que nunca me importei de verdade comigo e sempre valorizei as pessoas e por estar tão convicto de meus sentimentos e caminhos eu não ligo pra nenhuma das conclusões que tirem a meu respeito, se eu te falar que aprendi a perder pessoas e mesmo as mais valiosas pra mim, se sumissem hoje de meu caminho por livre e espontânea vontade, eu já não sentiria mais nada, acharia que estou mentindo em todo o tempo que estou com você?

Se hoje eu te falar que posso controlar o meu coração e que na verdade eu sou louco pra agir impulsivamente, arriscar como criança, jogar com o emocional e deixar o consciente de lado, me atirar ao mundo só pra ver no que vai dar independente das conseqüências, amar enlouquecidamente, me atirar em seus braços e fingir que confio em ti só pelo prazer do novo, mas com plena consciência de que ninguém é de ninguém e que todos os segundos de nossas vidas estarei pronto pra ser abandonado por ti, você entenderia? Acharia confuso? Acharia lúcido ou sensato?

E se eu te disser que quando termino de escrever eu leio tudo de novo como você, que lê pela primeira vez e não lembro de nada que foi escrito, então é como se estivesse sendo apresentado a mim mesmo, presto atenção em tudo que fora escrito e tento encontrar alguma coisa aqui dentro...

Mas se eu falar pra você que eu entendo menos que você quando leio e que na verdade até hoje não me conheço nem um pouco, ainda assim, com tudo isso, me olharia com os mesmos olhos?

Se hoje te disser que não há nada de concreto aqui e que minha única vontade é deitar em um quarto escuro com uma música baixinha e um corpo me esquentando sem dizer nada, você ainda vai me querer?

E se eu disser que eu não sei se eu me quero e que eu não sei se eu ainda me olho com os mesmos olhos apaixonados?

E agora?

lecter
Enviado por lecter em 11/07/2008
Reeditado em 13/07/2008
Código do texto: T1076038