Os copos
Os copos
Copos fundos ou meramente rasos
Vidro ou plástico, no papel se desfaz
São simplesmente atores despercebidos
Num mundo de taças de cristais
O veneno é o luxo de sua boca
O suor pinga na cachaça
O tira-gosto é sua própria língua
Que morde e sangra a desgraça
Da mais triste sórdida parceira
O alcoólatra anônimo se desprende
É a dura decisão do ser humano podre
Tentar salvar o que ainda serve
Nada mais atinge o ápice perfeito
São as marcas de quem já sorriu
Não é mais como antigamente
Quando o louco nunca existiu
A ferina é solvente no fígado
Uma única gota é fatal
Aos poucos desliza na garganta
O soro do homem imortal
Acabou o encanto, a loucura e o mal
Terminou a tontura e o suor
A vida despediu-se do bêbado
Esse que tomou uma gota só.
Igor Ribeiro