Os copos

Os copos

Copos fundos ou meramente rasos

Vidro ou plástico, no papel se desfaz

São simplesmente atores despercebidos

Num mundo de taças de cristais

O veneno é o luxo de sua boca

O suor pinga na cachaça

O tira-gosto é sua própria língua

Que morde e sangra a desgraça

Da mais triste sórdida parceira

O alcoólatra anônimo se desprende

É a dura decisão do ser humano podre

Tentar salvar o que ainda serve

Nada mais atinge o ápice perfeito

São as marcas de quem já sorriu

Não é mais como antigamente

Quando o louco nunca existiu

A ferina é solvente no fígado

Uma única gota é fatal

Aos poucos desliza na garganta

O soro do homem imortal

Acabou o encanto, a loucura e o mal

Terminou a tontura e o suor

A vida despediu-se do bêbado

Esse que tomou uma gota só.

Igor Ribeiro

Igor Cruz
Enviado por Igor Cruz em 09/07/2008
Código do texto: T1071970
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