Dias de Trevas

Há dias em que pertenço às trevas

Os raios do sol não brilham

Nem mesmo as corujas me suportam

Vivo, então, de comum acordo com esta escuridão.

Nem mesmo as marés

Ou mesmo um só raio de lua cheia

Interfere neste marasmo ocular

Os abismos são realmente profundos

E o que parece inatingível

Sede de pronto ao real.

Nada é tão insensível

Nada é tão obscuro

Nada é tão abominável…

Há dias em que a treva se ocupa de mim

Momentos travestidos de lucidez pagã

Vitórias e derrotas

E o que importa? Basta estar...

Se houvesse luz, bastaria acendê-la

Mas o que existe são apenas focos

E me convenço

Todavia, não me iludo…

Há trevas

Cigarro aceso

Cinzas caídas

Brasa... lúcida visão

E eu me assusto

Pois apenas absorvo o temível

Sinônimo de assustador...

Guerra fria dos magos anões

Luta num jardim de flores murchas

O frio, a neblina e o silêncio assombrado

Festa dos cabelos...

Há dias em que pertenço às trevas...