Amor de fim de tarde...

Teu silêncio me deprime.

E faz da distância um carrasco

Que açoita minha alma,

Flagelada pela solidão,

Dilacerada por essa paixão

Que surgiu do nada,

De forma inesperada...

Pegou-me tão desprevenida,

E invadiu assim minha vida,

Como um furacão, me arrancou o chão

E me vejo suspensa pelas imagens que teimam em me dominar

E me fazer querer te ver, te ter...

Sentimento sem sentido,

Faz meu corpo implorar teu toque,

Tua boca, língua... Tua posse!

Mas não posso te ver, te querer, te ter...

Você não faz parte da minha realidade,

Você nem me conhece de verdade!

Sou um corpo, um rosto na multidão de tuas paixões

Sou escândalo para tua vida,

Sou uma coisa bandida, banida...

Libido exposta, sou para teu sexo a resposta

De fantasias incrustadas no teu âmago

Sou apenas um depósito de esperma,

A caverna onde se escondes teus anseios,

Sou para tuas lembranças lindos seios.

Motivos de teus devaneios

Sou tua loucura, insana mistura

De mulher sensual, casual, sem cultura

Escultura da luxúria,

Sou apenas a experiência... Uma mulher sem decência...

Vulgar... moro no lado oposto do certo

Trapo roto... sou teu negro olhar,

Sem medo e sem lar...

Que não tem medo de sentir prazer,

De ser intensa e voraz...

Que se porta como meretriz,

Mas no fundo, é uma menina que se perdeu do sonho

De um dia ser feliz.

Que amou sem motivo nem razão

Esquecendo que era só prazer e a solução,

Te dei sem querer meu coração,

E sem meu órgão vital,

Hoje sobrevivo apenas de sonhos...

Sonhos com corpúsculos, estradas e viadutos...

Com carinhos roubados à surdina da noite

E deleites conseguidos com olhos fechados

E toques emprestados por minhas mãos...

Um vazio se apodera do meu peito,

E meu coração congela, desacelera... Te espera!

Não consigo pensar em você como solução,

Afinal és só uma ilusão...

Mais também, não consigo te arrancar do meu peito

E tua imagem fez morada em meu pensamento

E a emoção que me fez sentir

Hoje faz parte de minhas lembranças, esperanças... Triste distância.

Que domina minha toda solidão

Me faz tremer ante esta paixão,

Que não vive na realidade,

Mas me faz te querer de verdade,

Meu amor de fim de tarde... Saudades!

Observadora
Enviado por Observadora em 03/07/2008
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