Corrosão
Roubei-me de mim
porque ousei dizer
o sonhado de há pouco,
ainda quente,
amado
que ficou em minhas entranhas.
Furtei-me de mim
porque cansada
sinto ecos escorroendo-me
pele ainda tórrida
macia de encontro
sob o espectro do silêncio que me cala a alma.
De que me sobra
se tento ou se luto
sozinha
em busca do que se ausenta,
do que se esvai de mim
inerte
será?
com rastros a fazer doer meu sentir.
Ana Perissé